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Estados com mais Bolsa Família que empregos formais — o retrato da dependência e os desafios do desenvolvimento

13 estados com mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada

Por: Cledson Santana Fonte: DIARIOD4NOTICIAS
05/07/2025 às 02h10
 Estados com mais Bolsa Família que empregos formais — o retrato da dependência e os desafios do desenvolvimento
Emprego x Bolsa Familia

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Ministério do Desenvolvimento Social, 13 estados brasileiros — todos do Norte e Nordeste — têm mais famílias recebendo o Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada.

Estado

Beneficiários do Bolsa Família

Empregos com carteira

Diferença (em favor do Bolsa Família)

Maranhão

1.221.362

640.546

+580.816

Bahia

2.484.156

2.061.843

+422.313

Pará

1.348.871

955.656

+393.215

Piauí

607.524

349.672

+257.852

Paraíba

676.562

487.553

+189.009

Pernambuco

1.611.410

1.460.765

+150.645

Amazonas

647.193

521.153

+126.040

Ceará

1.480.079

1.358.631

+121.448

Alagoas

538.989

444.014

+94.975

Sergipe

385.748

329.562

+56.186

Amapá

118.179

87.682

+30.497

Acre

131.067

104.587

+26.480

Rio Grande do Norte

505.182

503.384

+1.798

Fonte: Ache Concursos

O que explica esse desequilíbrio?

Especialistas apontam uma combinação de fatores:

  • Baixa industrialização e escassez de grandes empregadores formais
  • Alta informalidade: muitos preferem “bicos” ou trabalho autônomo para não perder o benefício
  • Desincentivo marginal: famílias próximas ao limite de renda do programa evitam empregos formais por medo de exclusão
  • Falta de creches e apoio social: mulheres, especialmente mães solo, optam por ficar no programa e trabalhar informalmente

O que dizem os especialistas?

“O Bolsa Família é essencial para combater a pobreza, mas pode gerar distorções quando o mercado formal não oferece alternativas viáveis.” — Joana Naritomi, economista da LSE

“Em áreas com mais expansão do programa, há redução da participação no mercado formal, especialmente entre jovens e mulheres.” — Daniel Duque, economista da FGV

Riscos e consequências

  • Estagnação econômica: sem empregos formais, a arrecadação de tributos e a contribuição previdenciária caem
  • Dependência estrutural: regiões inteiras passam a depender de transferências federais
  • Desigualdade regional: enquanto estados como Santa Catarina têm 11 empregos formais para cada beneficiário, no Maranhão a proporção é inversa

Caminhos possíveis

  • Revisão de cadastros: o governo já iniciou um pente-fino para excluir beneficiários irregulares
  • Regra de proteção: permite que famílias permaneçam no programa por até 24 meses após aumento de renda
  • Políticas de transição: capacitação profissional, creches e incentivos à formalização são essenciais para romper o ciclo de dependência
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